DOCES SONHOS
Vol. 2
2023
“Doces Sonhos”, uma história que despertou com os sussurros das máquinas. As imagens deste post fazem parte de estudos recentes sobre um interesse antigo: o mundo onírico, fantástico e assustador.
Em 2014, fiz uma fotografia que misturava um bom tanto de acaso com detalhada direção. O resultado mágico daquela cena abriu um alçapão em que mergulhei por muito tempo, tentando tirar tudo que pudesse dali. Mas chegou um momento, em meados de 2017, que eu já não conseguia mais navegar naquele mar denso, que me exigia uma energia extrema. Eu tinha perdido o tempo da onda e fui sufocado por uma inércia. E eu me senti culpado por não saber onde chegar, em que porto atracar os meus medos e desejos.
Mais que isso, eu não tinha repertório pra costurar narrativas capazes de expressar o que eu sentia e queria fazer sentir com aquele universo. Um pouco depois, lá pra 2019, novas ferramentas e linguagens se abriram pra mim. Ou, melhor, eu me permiti me livrar de amarras que me encaixotavam, e voltar a usar a arte como um instrumento único, livre.
Foi quando descobri novos portais para acessar os cantos inacessíveis do meu porão interno. Materializando em imagens os seres do meu subconsciente. Naquele momento eu já tinha maior clareza sobre como deveria te contar sobre essa jornada, mas eu ainda não tinha todas as peças necessárias.
Ainda que tivesse expandido meu arsenal, faltavam recursos para ir mais fundo e mais longe. Agora, ouvi lá das profundezas um canto de sereia que anunciava e seduzia: eis me aqui. As impressionantes ferramentas de geração de imagem por inteligência artificial eram o que faltavam pra eu conseguir acessar as camadas que eu precisava.